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Dia da Terra - precisamos nos unir e transformar





A próxima sexta-feira (22/04) marca o Dia Internacional da Terra. A data teve início em 1970 nos Estados Unidos com um fórum ambiental que reuniu 20 milhões de pessoas para protestar contra a poluição, e foi fundamental para a aprovação de leis ambientais pioneiras sobre emissão de gases nocivos e proteção de espécies ameaçadas. Em 2022, no entanto, a comemoração chega sob alertas de um prazo limite para a redução do aquecimento global e do desmatamento.

O dia 22 de abril foi adotado pela ONU em 2009 como data dedicada a promover em todo o mundo a consciência ambiental e o desenvolvimento sustentável. Em 2022, no entanto, a comemoração chega sob alertas de que as nações não estão fazendo a sua parte e que o prazo para que as mudanças climáticas se tornem irreversíveis está acabando. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU divulgou que a última década registrou o nível mais alto de gases de efeito estufa da história. Para que o aquecimento global fique dentro do limite estabelecido no Acordo de Paris, 1 grau celsius e meio, as emissões devem parar de aumentar antes de 2025, e cair 43% até 2030, como observou o presidente da Comissão de Meio Ambiente, o senador Jaques Wagner, do PT da Bahia à Rádio Senado

Mais uma vez os cientistas disparam as sirenes. Temos até 2030 para cortar emissões e limitar o aquecimento global. O relatório diz que, se não tomarmos atitude mais drástica, nós temos três anos apenas para ter ainda um ponto de retorno no processo de aquecimento global. Nós precisamos, cada vez mais, trabalhar nessa conscientização e no posicionamento do Governo Federal em relação a essa matéria sobre desmatamento, sobre preservação das águas fluviais, das águas subterrâneas, do nosso oceano.


As principais fontes de poluição apontadas pelo relatório foram os setores de energia, indústria, agricultura e o desmatamento, que no Brasil foi responsável por 46% do total de emissões. A ONU recomenda como medidas urgentes o reflorestamento e a redução do uso de combustíveis fósseis, privilegiando fontes limpas como a biomassa, a eólica e a solar.


Como parte da reflexão para o Dia Mundial da Mãe Terra, a National Geographic conversou com especialistas e líderes em desenvolvimento sustentável para compilar sete ações para ajudar o planeta que precisam ser implementadas na vida cotidiana.

1. Economia de energia em casa

Como declarado pela ONU, grande parte da eletricidade e do aquecimento utilizados nas casas do mundo é alimentada por carvão, petróleo e gás. Por isso, a agência recomenda: "usar menos energia, reduzindo o uso de aquecimento e ar-condicionado, mudando as luzes de casa para lâmpadas LED e para aparelhos energeticamente mais eficientes. Lavar roupas em água fria ou pendurá-las ainda molhadas para secar – em vez de usar a máquina de secar roupa – são outras medidas a serem adotadas".

María Aguilar, coordenadora geral dos departamentos de educação socioambiental e de pesquisa e política socioambiental da ONG Eco House, na Argentina, concorda que o setor que mais contribui para as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no mundo é a energia, mas destaca o papel dos indivíduos nesse problema.

"Se decompusermos este setor, descobrimos que o principal subsetor emissor é o consumo residencial e, depois, o transporte", disse Aguilar em entrevista à reportagem. 

A redução do consumo de energia através de ações cotidianas, como apagar as luzes, utilizar ar condicionado à temperatura ideal e aproveitar ao máximo a luz solar pode, na soma final, contribuir para uma mudança positiva maior. Com uma atitude sustentável, é possível "ajudar a transformar essa realidade", defende Aguilar

2. Meio de transporte limpo

"Em Bogotá, [na Colômbia], é melhor usar o TransMilenio [um serviço público rápido de ônibus] do que comprar um carro que emite enormes quantidades de CO2 por ano”, disse, em entrevista à National Geographic, Francisco Vera, ambientalista colombiano de apenas 12 anos que acaba de lançar o livro Pregúntale a Francisco: ¿Qué es el cambio climático? Pergunte a Francisco: O que são as mudanças climáticas?, em tradução livre).

O jovem ativista colombiano é um dos fundadores do grupo Guardiões pela Vida, formado por jovens de 12 a 20 anos. O grupo reforça que caminhar ou andar de bicicleta não só é bom para o ecossistema e para diminuir o volume de emissões de gases estufa, mas favorece a própria saúde. No Brasil também há exemplos de modelos e coletivos de ciclistas.

A ONU destaca que "as estradas pelo mundo estão saturadas de veículos, a maioria movidos a gasolina ou óleo diesel. Caminhar ou ir de bicicleta, em vez de dirigir, reduz as emissões de gases de efeito estufa e gera benefícios à saúde e à forma física".

3. Redução do consumo de carnes

De acordo com um estudo de 2014 publicado na revista Nature, as dietas a base de frutas, vegetais e legumes são mais sustentáveis tanto para a saúde humana quanto para o planeta.

Segundo o artigo, dietas tradicionais estão sendo substituídas por dietas com alto teor de açúcares refinados, gorduras refinadas, óleos e carnes. Essa tendência, se nada mudar, deve ser um fator importante no aumento de 80% de emissões de GEE projetado para a agricultura mundial até 2050 – incluindo a produção de alimentos e mudanças no uso do solo. 

Ao mesmo tempo, essa nova dieta global contribui para maior incidência de diabetes tipo 2, doenças do coração e outras enfermidades que reduzem a expectativa de vida da população mundial.

As crescentes emissões de GEE no setor alimentício são, em grande parte, explicadas pelos alto consumo de produtos animais. Relatório especial lançado pelo IPCC em 2019 pela primeira vez sugere mudanças na dieta como forma de mitigar as mudanças climáticas. Dietas a base de plantas e redução do consumo de carnes são ótimas oportunidades para frear a crise climática.

"A indústria pecuária extensiva roubou milhões de hectares de nossas florestas e selvas", destaca Francisco Vera. "Portanto, ao reduzir o consumo de carne, estamos dando uma grande contribuição."

4. Atenção às viagens

O setor de aviação emite 2,3% dos GEE, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês). Embora também tenha anunciado que as emissões de carbono por passageiro diminuíram em mais de 50% desde 1990, as decisões das pessoas sobre quando, como e com que frequência viajar se tornaram cruciais.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente aconselha voar menos e considerar outras opções para reduzir a distância, como reuniões virtuais ou se locomover por meios mais sustentáveis, como trem. 

5. Desperdício zero de alimentos

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) adverte que 1,1 bilhão de toneladas de alimentos vegetais e 175 milhões de toneladas e produtos animais são desperdiçados a cada ano.


Estes números representam 19% da produção total de alimentos de origem vegetal, e 3% da produção total de alimentos de origem animal. O relatório também reconhece que a maior parte desse desperdício ocorre tanto durante a produção quanto nas residências, em partes iguais.

Em um mundo onde há entre 720 e 811 milhões famintos, é imperativo convidar as pessoas a repensar seus hábitos de consumo e tornarem-se mais consciente ao comprar, consumir e descartar alimentos.

"Entre os projetos que promovemos na Guardiões está a compostagem", conta o ativista Francisco Vera. "Em minha cidade, Villeta, o lixo é levado para um aterro sanitário em Bogotá, que está extremamente poluído e custa milhões para ser transportado. Se fizermos compostagem, reduzimos o desperdício e evitamos afetar as fontes de água."

6. Reduzir, reutilizar e reciclar

"Cuidado e responsabilidade quando se trata de consumo é uma grande ação individual para gerar mudanças", diz María Aguilar, da Eco House. Para o ativista, é importante observar quais produtos são comprados, de onde eles vêm, que tipo de embalagem utilizam e se elas podem ser recuperadas ou reutilizadas. Também é adequado reduzir a quantidade de plástico. 

O conceito de reduzir, reutilizar e reciclar, acrescenta ela, pode ser estendido a diferentes hábitos domésticos, como ao lavar louças ou escovar os dentes. Concentrar-se no consumo responsável significa repensar a maneira como vivemos.

Além disso, os itens que compramos geram emissões de carbono em todos os elos da cadeia produtiva, desde a extração de matérias-primas até a fabricação e o transporte dos produtos para o mercado. Por isso são boas ideias comprar de segunda mão, reparar o que quebra e, claro, reciclar.

7. Informação e cuidado com a Terra

Tanto Francisco Vera Manzanes quanto María Aguilar concordam que o melhor presente para a Mãe Terra é a educação e a participação.

Para a especialista da Eco House, há muitas pessoas que procuram participar, mas que têm muito pouca informação, o que as impede de reconhecer o problema e agir em conformidade.

"Você não pode cuidar do que não sabe, então a primeira coisa que tem que fazer é trabalhar duro na educação, envolvendo-se onde puder”, diz María.

"Podemos fazer pequenas ações, todos os dias", completa Francisco, "de nossas casas, para cuidar do planeta e honrar a vida."


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